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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

De Olho na Vida Selvagem



    IMAGINE andar para lá e para cá com um transmissor de rádio — que permite que cada movimento seu seja acompanhado e analisado — preso nas costas. Uma fêmea de albatroz-gigante, chamada Sra. Gibson, sabe o que é isso. Satélites captam os sinais emitidos pelo seu minúsculo transmissor e os enviam para terra, permitindo que os pesquisadores a monitorem. Outras aves que levam equipamentos similares também são monitoradas. Os dados obtidos já revelaram fatos impressionantes sobre essas aves magníficas e espera-se que isso contribua para a preservação delas.


  Segundo divulgado pela Universidade La Trobe, de Victoria, Austrália, os pesquisadores descobriram que os albatrozes-gigantes voam em média mais de 300 quilômetros por dia; vez por outra podem voar quase 1.000 quilômetros num único dia. Essas aves podem medir, de uma ponta das asas à outra, quase 3,40 metros — a maior envergadura entre as aves atuais. Elas planam sobre o mar descrevendo uma série de arcos e cobrindo distâncias de mais de 30.000 quilômetros ao longo de vários meses. Estudos similares realizados nos Estados Unidos revelaram que um albatroz-de-laysan fez quatro viagens da ilha das Andorinhas, a noroeste de Honolulu, no Havaí, até as ilhas Aleutas, no Alasca, percorrendo bem mais de 6.000 quilômetros, ida e volta, a fim de buscar comida para o seu único filhote.

    Esses estudos de alta tecnologia revelaram também uma possível razão para o número de fêmeas de albatroz-gigante sofrer um decréscimo muito mais acentuado do que o de machos. Os padrões de vôo revelaram que os machos em idade reprodutiva tendem a pescar mais próximo à Antártida, ao passo que as fêmeas em geral se alimentam mais para o norte, em áreas onde operam navios de pesca de espinhel. As aves mergulham para pegar a isca atrás desses navios, são fisgadas e se afogam. Em alguns grupos em idade reprodutiva, há dois machos para cada fêmea. Outras espécies de albatroz também foram afetadas. De fato, em meados dos anos 90, cerca de 50.000 aves se afogavam por ano em águas da costa da Austrália e da Nova Zelândia por causa dos navios de pesca de espinhel, colocando várias espécies em perigo de extinção. O albatroz-gigante foi até mesmo declarado uma espécie ameaçada de extinção na Austrália. Devido às descobertas feitas, introduziram-se mudanças nas técnicas de pesca e reduziu-se a mortandade de albatrozes-gigantes. Mas a espécie ainda está em declínio em várias áreas de reprodução.

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